Segundo estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde, um a cada dez medicamentos vendidos em países em desenvolvimento é falso ou de baixa qualidade. Documento recente divulgado pela OMS relata problemas graves ocorridos no tratamento de doenças como a malária e pneumonia em países da África por conta de fraudes na fabricação de medicamentos. A maior parte dos produtos falsificados ou de má qualidade está na África (42%). Já nas Américas, o índice é de 21%, mesma taxa observada na Europa.

Para o vice-presidente da Associação dos Farmacêuticos de Países de Língua Portuguesa e vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Valmir de Santi, a falta de investimento, de organização e de capacitação no setor da saúde facilitam esse tipo de ocorrência. “São países que têm um sistema de saúde desestruturado, assim como a área de formação profissional, o que facilita a contravenção. Países onde há mais organização, você encontra menos casos como estes”.

Por outro lado, Valmir de Santi afirma que, no Brasil, existem mecanismos capazes de identificar mais rapidamente este tipo de problema. “Temos hoje, no Brasil, e em muitos países já mais desenvolvidos, ferramentas capazes de identificar essas falhas e fazer uma intervenção de forma rápida. Quanto mais pobre um país, mais a população sofre: pela falta de estrutura, falta de farmacêuticos e falta de políticas governamentais que consigam impedir a questão das fraudes em medicamentos”.

O coordenador técnico científico do CFF, José Luís Miranda Maldonado, orienta a população a buscar fontes confiáveis ao adquirir medicamentos. “O paciente deve adquirir seus medicamentos nas farmácias que estão legalizadas, com um farmacêutico presente, que pode tirar suas dúvidas sobre os itens de segurança utilizados pelas indústrias farmacêuticas. Assim, a chance de obter um medicamento falso é muito pequena. Não compre medicamentos pela internet, ou em feiras livres, e também desconfie quando o preço for muito baixo. Consulte sempre o seu farmacêutico”, alerta.

De acordo com a análise feita pela Organização Mundial da Saúde com 48 mil amostras, entre 2007 e 2016, 10,5% dos remédios vendidos em países de renda baixa e média eram falsos ou de baixo padrão.

Mortes por medicamentos falsificados

Segundo a OMS, um estudo desenvolvido pela Universidade de Edimburgo (Escócia) estima que 72 mil a 169 mil crianças podem morrer a cada ano por pneumonia pela baixa qualidade dos antibióticos administrados.

Ainda, um segundo estudo feito pela London School of HygieneTropical Medicine (Reino Unido) estima que 116 mil mortes podem ocorrer anualmente por medicamentos contra a malária de baixa qualidade ou falsificados na África subsaariana.

O problema é ainda maior quando se leva em conta que a região gasta em média US$ 38,5 milhões em medicamentos, informa a OMS.

Fonte: Comunicação do CFF