Colesterol e Triglicerídeos são importantes para o organismo, mas, quando os níveis de gordura saem da normalidade, essa alteração pode causar problemas como infarto, AVC, pancreatite e cirrose hepática. Por isso, é importante fazer exames periódicos e ter o acompanhamento de um profissional de saúde. O que muitas pessoas ainda não sabem é que as orientações para fazer a coleta de sangue mudaram. Em 2017, as sociedades brasileiras médicas de cardiologia, diabetes, endocrinologia, de análises clínicas, de patologia clínica e medicina laboratorial elaboraram um documento de consenso liberando a necessidade de fazer o jejum de 12 horas.

A farmacêutica Marileia Scartezini explica a recomendação vale desde que o paciente não tenha uma refeição sobrecarregada de gordura e que a medida não deve ser aplicada a todos os casos. “Algumas pessoas deverão manter o jejum quando tiverem alteração de triglicerídeos acima de 440 mg/dl ou de acordo com a orientação do médico. Em indivíduos normais, os triglicerídeos irão sofrer pequenas alterações sem jejum, considerando uma refeição usual sem sobrecarga em gordura, sendo o valor desejável < 175 mg/dL”.

A profissional explica, ainda, que a flexibilização do jejum teve como objetivo principal ajudar as pessoas que não podem ficar em jejum por muito tempo evitando casos de hipoglicemia, como os diabéticos que usam insulina. “Além das gestantes, os idosos e as crianças com dificuldade de ficar muito tempo sem se alimentar. Essa flexibilização, também permite-se aumentar a realização de exames e o comparecimento às consultas médicas.”

Segundo Marileia Scartezini, a decisão para flexibilizar o jejum nos laboratórios teve como base as Diretrizes Europeias que analisaram diversos estudos, envolvendo 300.000 pacientes do Canadá, Estados Unidos e Dinamarca. “Ficou demonstrado não haver alterações significativas para o exame do perfil lipídico, principalmente dos triglicerídeos, entre os grupos de pacientes com jejum quando comparados com os pacientes sem jejum, em adultos, crianças e adolescentes. As evidências científicas demonstraram que a coleta de sangue para medir o perfil lipídico depois de uma refeição é mais adequada para refletir a situação metabólica habitual do paciente. Isso porque o estado alimentado predomina durante a maior parte do dia.”

Marileia Scartezini é mestre em Bioquímica e doutora em genética pela Universidade Federal do Paraná e pós-doutora em Hipercolesterolemia familiar pela Universidade de Londres. Ela faz parte da equipe da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e é uma das autoras do documento sobre a flexibilização do jejum (que pode ser acessado aqui) ou nas páginas das sociedade médicas e laboratoriais, publicado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

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Fonte: CFF