O coronavírus já se tornou uma pandemia. Cientistas em todo o mundo correm atrás de informações sobre o vírus e formas de conter a proliferação. No Brasil, após a confirmação do primeiro caso brasileiro de infecção em São Paulo, no mês de fevereiro, pesquisadores conseguiram sequenciar o genoma do vírus em apenas 48 horas. O trabalho é conduzido por cientistas do Instituto Adolfo Lutz, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e da Universidade de Oxford. Hoje os pesquisadores avaliam as informações genéticas de mais oito casos do Covid 19.

A farmacêutica Fabiana Cristina Santos faz parte da equipe que desvendou o DNA do coronavírus. A paulista está no Instituto Adolfo Lutz há 15 anos e relata como se deu o desenvolvimento desse processo, que foi facilitado pelo fato de os pesquisadores já estarem envolvidos com um projeto científico para sequenciamento de arbovírus. “Quando começamos a observar o aumento do número de casos no novo coronavírus no mundo, iniciamos o nosso o planejamento para o enfrentamento deste agravo, validação e implantação de técnica de diagnóstico precoce para identificação dos casos e a caracterização molecular obtida através do sequenciamento genômico desse novo vírus. Ao detectar o primeiro caso positivo, já havia insumos e a metodologia necessária para o sequenciamento completo desse novo coronavírus”.

A farmacêutica explica que os sequenciamentos ajudam a compreender as adaptações do vírus durante sua dispersão. Essas informações colaboram para prever o cenário epidemiológico e elaborar estratégias de controle mais específicas, portanto mais eficientes. Os dados também são úteis para a elaboração de testes diagnósticos, identificação de fatores genéticos associados à virulência e identificação alvos para vacinas ou tratamentos com imunoterápicos.

“Com o sequenciamento do genoma completo do vírus é possível compreender a sua dispersão, ou seja, identificar a origem do vírus que foi introduzido no País, bem como a transmissão de pessoa a pessoa. Essas informações são importantes para o planejamento das ações para controle e prevenção da dispersão do agravo no nosso País. Todo esse processo de sequenciamento desse vírus acabou consolidando do Instituto Adolfo Lutz a utilização dessa metodologia para a vigilância molecular dos vírus de impacto em saúde pública”.

A farmacêutica Fabiana Santos é mestre em Análises Clínicas e doutora na área de infectologia em saúde pública e atua na área de virologia. Também já trabalhou no sequenciamento do genoma completo envolvendo os vírus da febre amarela e zika. No caso do coronavírus colaborou na etapa de validação e implantação da metodologia para diagnóstico e contribui no sequenciamento de próxima geração do Covid 19.

“O farmacêutico tem as qualificações necessárias para um bom desempenho tanto na parte de laboratório de saúde pública como na parte de desenvolvimento de inovações, de implantação de novas metodologias. Junto com outros profissionais, nós colaboramos para a proteção e a promoção da saúde da nossa população. No instituto Adolfo Lutz, nós temos muitos pesquisadores que são farmacêuticos trabalhando em diversas áreas: na análise fiscal de produtos, alimentos e medicamentos. Na área médica nós temos farmacêuticos na bacteriologia, na imunologia, na virologia e na patologia”.

O Instituto Aldofo Lutz é um laboratório de saúde pública e um instituto de pesquisa localizado em São Paulo. Credenciado pelo Ministério da Saúde, juntamente com seus doze laboratórios regionais, sediados em municípios estratégicos do Estado, lidera as ações de vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental.

Ouça a entrevista na Rádio News Farma – www.newsfarma.org.br.