Um em cada cinco brasileiros sem diagnóstico prévio pode ter diabetes e não sabe. A prevalência de glicemia elevada na população é de 18,4%. Esses e outros resultados do maior estudo sobre prevalência do risco de diabetes no Brasil, o Rastreamento de Casos Suspeitos de Diabetes Mellitus: Novembro Diabetes Azul 2018, foram apresentados nessa quarta-feira (16), em Natal (RN). Realizado no final do ano passado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), com o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o estudo foi divulgado durante o Simpósio “O papel do farmacêutico na atenção à pessoa com diabetes” . O evento faz parte da programação do XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes (Diabetes 2019).

Para ter acesso aos resultados da pesquisa CLIQUE NO LINK – https://bit.ly/2oNwGmG

A apresentação dos dados coube à assessora da Presidência do CFF e integrante do grupo de pesquisadores responsáveis pelo estudo, Josélia Frade. A pesquisa teve como foco a parcela da população sem diagnóstico prévio de diabetes e envolveu cerca de mil farmacêuticos de farmácias públicas e privadas, em 345 municípios. A maioria das 17.580 pessoas pesquisadas foi atendida em farmácias privadas (77,84%). Prevaleceram as mulheres (60%) e pessoas com menos de 45 anos (48%). A maior parcela da população pesquisada possuía 11 anos ou mais de estudo. Apenas 4,6% dos participantes não eram alfabetizadas.

Além de realizarem o teste de glicemia capilar, todos os participantes tiveram a circunferência abdominal, peso e altura medidos, além de serem submetidos à avaliação de risco de desenvolvimento do diabetes por meio do Finnish Diabetes Risk Score – FINDRISC. Os resultados do teste apontaram que 22,6% dos brasileiros sem diagnóstico prévio de diabetes mellitus apresenta risco alto (um brasileiro em cada três) ou muito alto (um brasileiro em cada dois) de desenvolver a doença nos próximos dez anos. Os fatores de risco mais presentes foram circunferência abdominal aumentada (70,7%), o sedentarismo (68%), o histórico familiar (58%) e a não ingestão de verduras e frutas todos os dias (43%).

Representado o CFF, o assessor da Presidência do CFF, Tarcisio José Palhano, destacou a importância do estudo. “Com base nas estatísticas apuradas, temos subsídios para unir esforços com diferentes entidades e propor ações que possam mudar esse cenário no país. Ao apresentar esses dados, nossa expectativa é a de que essas informações se revertam em medidas que possam de fato beneficiar a população”, destacou.

A presidente da SBD, Hermelinda Pedrosa,destacou que foi uma honra para a SBD trabalhar em parceria com o CFF na pesquisa. Em sua opinião, as estatísticas apuradas refletem a desigualdade social no país. “A gente precisa investir principalmente nas regiões mais pobres do País. O Brasil é um país rico, mas desigual, inclusive a gente vê que, metabolicamente, isso também ocorre. Os dados mostram claramente um pior controle no Norte e no Nordeste. A gente precisa educar, apoiar e transformar a vida dessas pessoas como profissionais de saúde.”

Sobre o porcentual de 24,6% de exames alterados na Região Centro-Oeste, ela destaca que o índice certamente tem um vínculo com os dados de alta prevalência de sobrepeso e obesidade detectados na região por meio do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde. “A partir desses dados, precisamos reinventar formas de abordagem e de ação, precisamos educar e apoiar as pessoas para que possamos transformar essa realidade.”

Josélia Frade lembra que o CFF tem procurado respaldar e estimular os farmacêuticos para a se envolverem no cuidado às pessoas com diabetes. Isso tem sido feito de diversas formas, como o desenvolvimento de materiais educativos, como os seletores de locais para aplicação de insulina (para ter acesso, clique aqui – https://bit.ly/35ET2HB). Ela destaca a singularidade do projeto da pesquisa, que permitiu também a integração e aproximação do CFF com a SBD. “O que a gente espera é que esses resultados não parem apenas no diagnóstico. Que os gestores de saúde desse país olhem com muito carinho para esses dados e, quem sabe, consigamos elaborar planos de ação para poder minimizar o risco nessa população.”

Fonte: Comunicação do CFF