Iniciado no domingo (2), o 78º Congresso Mundial de Ciências Farmacêuticas da Federação Internacional de Farmácia (FIP) terminou nessa quinta-feira (6), em Glasgow (Escócia), reunindo cerca de três mil farmacêuticos de 108 países em debates sobre estratégias que otimizem e deem visibilidade ao seu trabalho, para os melhores resultados em saúde. Membro do conselho da federação com direito a voz e voto, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) ajudou a eleger o novo presidente da entidade, Dominique Jordan. Também tem participado efetivamente das discussões, firmando posição sobre temas mais relevantes, bem como apresentando experiências inovadoras em curso no País.

Nesta quarta-feira, o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, palestrou sobre a regulamentação da profissão farmacêutica no Brasil na sessão “Professional Regulation in a Globalised Environment – ChallengesOpportunities”. Ele dividiu a mesa com o Prof. Lloyd Sansom, da Universidade do Sul da Austrália, e a Dra. Sonia Ruíz, do Colégio de Farmacêuticos da Espanha. “Demonstramos a experiência do país, que tem buscado, por meio da regulamentação profissional, proporcionar oportunidades aos farmacêuticos frente aos desafios do mundo globalizado”, comentou o presidente do CFF.

“O Brasil tem se destacado pelo pioneirismo na regulamentação das atribuições clínicas e da prescrição farmacêutica como ferramentas para garantir o uso racional de medicamentos, o vínculo entre farmacêutico e paciente e a inserção desse profissional nas equipes de saúde”, avaliou o secretário-geral do CFF, Erlandson Uchôa. Em decorrência do trabalho que vem desenvolvendo, o conselho foi convidado para integrar um fórum mundial de organizações de caráter regulatório profissional. “O propósito é discutir as questões regulatórias no âmbito farmacêutico e buscar colaboração internacional entre os países”, anunciou Walter Jorge João.

Durante o congresso houve um debate sobre o papel do farmacêutico na dispensação e venda de medicamentos homeopáticos. Alinhado à maior parte dos países membros da FIP na união europeia, o presidente do CFF, Walter Jorge João, usou a palavra para defender a especialidade. “Além de ser uma prática regulamentada pelo CFF, a homeopatia é uma política pública brasileira que, junto com outras práticas integrativas, beneficia nada menos que 5,5 milhões de pessoas por meio do SUS”.

Os diretores do CFF, Walter Jorge João e Erlandson Uchôa, entregaram à atual presidente da FIP, Carmen Peña, e ao sucessor dela, Dominique Jordan, uma petição eletrônica em defesa da homeopatia. Anexo ao documento criado pelo Grupo de Trabalho de Homeopatia do CFF e endossado por 6.751 pessoas, entre farmacêuticos e pacientes, foram entregues, também, cartas em apoio à prática, endossadas pelo Ministério da Saúde e a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag). Erlandson Uchoa lembrou que existem mil farmácias de manipulação homeopática em atividade no país e milhares de farmacêuticos que atuam nessa especialidade.

Sobre a renovação na Presidência da FIP, Walter da Silva Jorge João, desejou boas-vindas ao novo presidente, que tem uma relação próxima com o CFF, tendo sido palestrante convidado pelo Conselho para participar do 8º Riopharma, em 2015. Proprietário de farmácia comunitária e ex-diretor executivo da Associação Suíça de Farmacêuticos (pharmaSuisse), Dominique Jordan atua na FIP há mais de uma década, inclusive como presidente do Conselho de Práticas Farmacêuticas da Federação desde 2014. Walter Jorge João expressou também o reconhecimento do CFF a Carmen Peña, pela forma como ela aproximou a FIP dos países das Américas, inclusive com a entrada de novas organizações-membro que estavam fora do Conselho da entidade, como Cuba.

Na solenidade de abertura do congresso, a representante do Ministério da Saúde da Escócia, Jeane Freeman, disse que o governo escocês quer estimular, nos farmacêuticos, o uso de tecnologias digitais e as habilidades clínicas, com tomada de decisão, para que eles possam cuidar das pessoas de maneira eficaz. “Implantando tecnologias automatizadas no processo de distribuição, liberamos tempo e capacidade para melhorar os serviços que fornecemos”, disse. A medida deve beneficiar quase 20% das pessoas que vivem em comunidades remotas e rurais. “Precisamos aproximar os farmacêuticos dessa população, que vem crescendo em um ritmo mais rápido do que o resto do país, e têm um número maior de pessoas idosas.”

Campanha brasileira contra arboviroses foi destaque em reunião do FFA

Paralelamente ao Congresso, foi realizada a reunião dos líderes dos países das Américas, promovida pelo Foro Farmacéutico de las Americas (FFA). Na oportunidade, as lideranças apresentaram as ações realizadas no exercício, entre as quais, a iniciativa contra arboviroses, inspirada na campanha Farmacêuticos em Ação: todos contra o Aedes aegypti, desenvolvida pelo CFF sob a coordenação da assessora da Presidência do conselho, Josélia Frade. O atual presidente do FFA, Gustavo Dodera, agradeceu o Brasil pela transferência de conteúdo e metodologia de trabalho, o que viabilizou que esse importante projeto fosse replicado pelo Fórum, com a adesão de nove países.

Projeto Cuidado Farmacêutico no SUS vira pôster na mostra científica

O Brasil marcou presença no congresso da FIP também pela sua produção científica. O trabalho desenvolvido a partir da experiência do projeto Cuidados Farmacêuticos no SUS, que já capacitou mais de mil farmacêuticos de cerca de 120 municípios brasileiros, foi apresentado em trabalho de autoria dos professores Wallace Bottacin e Walleri Reis, coordenadora pedagógica do projeto. Também assinam o trabalho, o conselheiro federal de Farmácia pelo estado do Paraná, Valmir de Santi, coordenador geral do projeto, o presidente do CFF e a assessora da Presidência do conselho, Josélia Frade.

Fonte: CFF