De 2010 a 2019, houve queda nos casos de malária na região Amazônica (Estados do Norte, Nordeste e Centro-oeste do país). O número reduziu de 333 mil, em 2010, para 156.631, em 2019. Entre 2012 e 2016, houve um decréscimo ainda maior, de 143,5 mil a 128,7 mil. Considerando o menor número de casos, registrado em 2016, a queda chegou a 61,3%. Os números foram apurados em um estudo realizado por farmacêuticos dos estados do Maranhão, Piauí e Goiânia, intitulado ‘Malária na região amazônica: análise dos indicadores epidemiológicos essenciais ao controle’, que teve como objetivo averiguar a incidência de casos de malária na região e garimpar dados que contribuam para evitar surtos epidemiológicos. A análise apresenta uma descrição materializada a partir da retrospectiva do comportamento da doença observado neste período de nove anos, por meio de margem populacional. Para isso, foram utilizados dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica (SIVEP) do Ministério da Saúde.

De acordo com Sâmia Andrade, uma das autoras da pesquisa, o perfil decrescente pode estar relacionado às ações desenvolvidas pelos programas de prevenção e controle da Malária, mas também é um sinal de alerta. “As populações mais pobres com dificuldade de acesso aos serviços de saúde e que detém precárias condições de trabalho e habitação. Há uma grande exposição aos fatores de riscos e dificuldades na adoção de medidas preventivas e de tratamento. A recaída por malária é um fenômeno que preocupa, visto que pode contribuir para que a doença permaneça endêmica principalmente nas áreas mais afetadas pela doença”, pondera a farmacêutica. Entretanto, os dados indicam forte associação com o perfil de características socioeconômicas, demográficas e naturais. Diante disso, novos estudos devem ser realizados, caracterizando a diminuição de casos na região, a fim de nortear as ações de controle em vigilância e saúde permanentes que precisam ser realizadas contra o mosquito transmissor da doença.

Para Marcelo Rosa, conselheiro federal de Farmácia pelo Maranhão, um dos estados que fazem parte da Região Amazônica, o trabalho desses farmacêuticos é de suma relevância para contribuir com o ofício de outros profissionais da saúde e população do país. “Além de auxiliar os órgãos de saúde no monitoramento e servir de parâmetro para o controle da Malária o estudo do grupo de farmacêuticos reitera a expertise profissional além do senso comum, pois reconhecidamente se dedicam à ciência e trazem luz a realidade que necessita ser retratada fielmente”, declara Marcelo.

Durante o período de execução da pesquisa, foram registrados 1.985.829 casos de malária. A Região Amazônica, composta apenas pelos Estados do norte, possui a incidência mais elevada, com 99,6% (1.978.419), enquanto a Região Extra-Amazônica apresenta a menor taxa, com 0,4% (7.410) casos. Os cinco pesquisadores se empenham exaustivamente debruçando-se sobre amostragens, boletins, dados, documentos, estudos e informes para auxiliar as autoridades de saúde no combate e controle de doenças em territórios endêmicos e esclarecer a sociedade a respeito de situações biológicas que impactam na qualidade de vida da população. Segundo os dados apresentados no estudo, houve predominância de infecção por Malária do gênero masculino, 60% dos casos. “Isso se dá porque a presença e permanência em locais de intensa transmissão, justificadas pelo tipo de atividades desenvolvidas, como a pesca, caça, extrativismo têm levado indivíduos do sexo masculino a maior exposição à doença. Isso também ocorre devido ao estado do Amazonas, ter esse tipo de sobrevida”, conclui Sâmia Andrade.

                                                                              Integrantes do estudo:

Sâmia Moreira de Andrade Dr. Evaldo Hipólito de Oliveira Maurício Almeida Cunha
Elison Costa Holanda Rodrigo Luís Taminato

 

A infecção

Entre outras denominações, a malária também é conhecida pela terminologia ‘paludismo’ e possui quatro linhagens (sorotipo), entre as quais a mais grave é causada pelo Plasmodium falciparum. Sua transmissão ocorre através da picada do mosquito do gênero Anopheles spp (Fêmea), o qual contempla 400 espécies. Entre elas, 60 estão presentes no Brasil. A infecção também pode ser transmitida por meio de transfusão sanguínea e, também, via materno-fetal (vertical). Entretanto, são casos menos incidentes.

A malária provoca sintomas que incluem febre, calafrios, sudorese profusa, fraqueza e cefaleia. Existem variações, as quais ocorrem de acordo com a espécie responsável pela infecção.

Organização Mundial da Saúde – OMS

Este ano a OMS lançou a campanha popular ‘Zero malária começa comigo’ cujo intuito é continuar mantendo a prioridade das autoridades e gestores de saúde na atenção ao tratamento da doença. A campanha também busca angariar recursos e cada vez mais progredir capacitando as populações a adesão da prevenção e tratamento.

Estima-se que o número de mortes condicionadas à malária caiu 40% globalmente, entre 2010 e 2014. Porém, nos últimos anos, lamentavelmente o progresso mundial no controle da doença reduziu. A OMS aponta que foram estimados 228 milhões de casos da doença em 2018, ante 231 milhões em 2017. Em contexto mundial o número de mortes atreladas à malária avançou para 405 mil, em 2018.

Confira o estudo clicando aqui.

Fonte: Comunicação do CFF