No universo farmacêutico, não cabe controvérsias para a máxima segundo a qual “qualquer medicamento pode causar efeitos indesejados”. Quando a usuária é uma gestante, a probabilidade de haver riscos graves para ela e para o feto é muito mais relevante, clinicamente. “O medicamento, apesar de ser um produto farmacêutico com ações profilática, curativa e paliativa, pode gerar impactos negativos à saúde”, alerta a Aline Assis, farmacêutica, pesquisadora em serviços clínicos farmacêuticos, segurança do paciente e saúde integral da mulher na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Aline Assis observa que há medicamentos que são rigorosamente contraindicados e devem ser evitados, durante a gestação, principalmente, por serem teratogênicos, como o metotrexato, isotretinoína, ácido valpróico, topiramato, tetraciclina e inibidores da enzima conversora de angiotensina.

Mesmo os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) inspiram cuidados, durante a gestação, inclusive por causa do fácil acesso a eles nas farmácias, o que pode levar à automedicação insegura. “Os problemas que podem causar à saúde da gestante e do feto dependem do medicamento. Neste contexto, produtos que são bastante consumidos e apresentam restrições de segurança são os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), citou a farmacêutica a título de exemplo. “Geralmente, é indicado evitar o uso de AINEs, após 20 semanas de gestação, devido ao risco de oligoidrâmnio (baixo volume de líquido amniótico para a idade gestacional).

Sobre a questão da automedicação por gestantes, Aline Assis explica: “É importante que os farmacêuticos estejam atentos à prática da automedicação desassistida na gestação. A procura de medicamentos, principalmente, aqueles que são isentos de prescrição, como abordado na pergunta anterior, é muito comum, principalmente, para o alívio imediato dos desconfortos da gravidez, no primeiro trimestre da gestação.