O uso seguro e racional de medicamentos, para o melhores resultados em saúde é um dos grandes desafios dos sistemas de saúde. É o que tem sido comprovado a cada participação dos farmacêuticos no Bem Estar Global, projeto da Rede Globo com o Serviço Social da Indústria (Sesi), apoiado pelo Conselho Federal de Farmácia. Na segunda edição, em Porto Velho (RO), no dia 20 de abril, foram realizados cerca de 1,4 mil atendimentos a 291 pessoas, sendo 807 exames/testes, 101 consultas e 156 sessões de auriculoterapia. Embora 72,5% pessoas atendidas tenham relatado diagnóstico prévio, ou seja, passaram pelo médico e receberam prescrição, muitas estavam com condição clínica descontrolada.

Entre as 281 pessoas que fizeram testes de glicemia capilar, 19% apresentaram resultados alterados. Alterações também foram observadas em 15% das 284 pessoas que mediram a pressão arterial, em 23% das 132 que realizaram testes de colesterol capilar, e em16% das 110 das que se fizeram avaliação da capacidade pulmonar pelo pico de fluxo. “São pacientes em risco, pois esse descontrole envolve doenças como asma, diabetes e hipertensão”, adverte Josélia Frade, coordenadora do projeto no Conselho Federal de Farmácia. O alerta se baseia em dados como os divulgados pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), segundo os quais a hipertensão provoca mais da metade das 300 mil mortes por doenças cardiovasculares verificadas anualmente no Brasil.
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Outra constatação dos farmacêuticos durante o Bem Estar Global em Porto Velho foi a de que mesmo pessoas com um alto grau de instrução podem apresentar um baixo letramento em saúde. Apesar de compreender o risco iminente de um novo infarto, uma paciente de 62 anos não aderia ao tratamento para diabetes, hipertensão arterial e doença arterial coronariana, em uso de stent há 2 anos. Resistente ao tratamento, ela recusava-se a comprar os medicamentos. Usuária de insulina, armazenava e aplicava o medicamento de forma incorreta.

Foram identificadas, ainda, pessoas com grave comprometimento da sua saúde e qualidade de vida pelo abuso de medicamentos ou abandono de tratamento. Um homem de 53 anos, e histórico de dor crônica na coluna, apresentou os resultados alterados da medida da pressão arterial provavelmente decorrente do abuso de anti-inflamatórios. Uma mulher com asma, utilizava cinco jatos de broncodilatador de curta, duas vezes ao dia como tratamento contínuo da doença. Já uma mulher de 70 anos estava há dois anos sem usar os medicamentos para o hipotireoidismo, ela já registrava sintomas como queda de cabelo e colesterol e pressão arterial alterados.

Do total de pessoas atendidas, 25% precisaram ser encaminhadas. O acompanhamento será garantido pelo Centro de Saúde Maurício Bustani, pelo Hospital Santa Marcelina e por farmácias parceiras do CFF na ação. Um homem de 54 anos, com diabetes, hipertensão e relato de problema renal, estava com a pressão muito alta (225/104 mmHg), necessitou ser encaminhado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Quatro foram acompanhadas até as tendas da Cardiologia, e da Reumatologia para a continuidade do cuidado. “Essa interação com as demais instituições participantes tem sido uma prática desde a primeira edição e demonstra o quanto é fundamental para o cuidado integral e o trabalho em equipe multiprofissional”, comenta Josélia Frade.
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Durante a ação foram distribuídas 70 mudas de plantas medicinais, cultivadas e doadas pelo Hospital Santa Marcelina. Quem passou pela tenda, pode aprender a diferenciar plantas de boa qualidade e as impróprias para o consumo. As informações mereceram espaço no programa Bem Estar, transmitido ao vivo do local da ação. “Poucas pessoas sabem fazer essa distinção”, comenta o farmacêutico Nilton Luz Netto Júnior, que diz ter observado, também, o uso irracional e abusivo de chás. “Uma idosa afirmou que dissolvia comprimido de dipirona no chá de capim santo e tomava diariamente”, comenta Nilton Luz Netto Júnior, que, junto com seu colega Evanilson Gomes Pinto, do Hospital Santa Marcelina, repassou ao público as informações sobre formas de cultivo e cuidados com a escolha do local para o plantio das mudas distribuídas.
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Uma das responsáveis pelo atendimento de auriculoterapia, a farmacêutica Mara Tambarucci tem mais de 25 anos de experiência na área, mas ainda se surpreende com as reações das pessoas submetidas à técnica. “Uma colega farmacêutica, que trabalhou na ação e fez uma sessão, me procurou para dizer que melhorou da enxaqueca sem usar nenhum medicamento. E que havia passado um dia de trabalho intenso, sem dor”, comentou, referindo-se a Patrícia Minosso, que confirmou o relato. “Tendo passado a manhã toda em pé, no calor, sem me alimentar direito, era para ter saído de lá com a cabeça estourando de dor”, contou ela. Patrícia Minosso ficou tão empolgada com os efeitos terapêuticos da auriculoterapia que já decidiu se especializar na área. “Quero continuar usando a técnica em mim mesma e para o benefício de outros pacientes.”
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Fonte: CFF
Fotos: CFF e CRF-RO