O I Congresso Brasileiro de Ciências Farmacêuticas englobou diversas atividades que debateram a fundo a questão da educação em saúde no Brasil. A farmacêutica Carla Beatrice Crivellaro Gonçalves, da Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul (UPF/RS), ministrou duas delas: a oficina “Aprendizagem por competências: métodos de ensino ativos e avaliação aplicados à educação de adultos” e a mesa-redonda “Educação interprofissional e integrada como reorientação para a formação em saúde”.
Na primeira, o assunto foi abordado também pela docente de farmácia Giselle de Carvalho Brito, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e na segunda, participaram a enfermeira Ludmila Mourão Xavier Gomes e a médica Regina Maria Gonçalves Dias, ambas da Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA), elas falaram sobre educação integrada.

De acordo com Carla Beatrice, a recente atualização das diretrizes curriculares representa um grande avanço na questão do cuidado em saúde, o maior desafio das instituições de ensino no que se refere à formação de farmacêuticos. “Discutir o ensino baseado em competências é essencial porque, em geral, as instituições de ensino desenvolvem a formação baseada em conteúdos. O novo modelo vai apontar o que o estudante precisa desenvolver para que ele seja farmacêutico, como aprender o processo de cuidar das pessoas, desempenhar bem as suas ações na indústria farmacêutica ou nas análises clínicas”.

Giselle de Carvalho Brito elogiou o evento por oferecer a oportunidade de reunir educadores do Brasil inteiro. “Conseguimos fazer um diagnóstico situacional de como está sendo desenvolvida a questão do ensino dentro dessas instituições. Também pudemos avaliar o quanto esses profissionais estão abertos para esse desafio que foi lançado de se modificar um currículo que, na maioria das instituições, é muito pautado apenas nos conteúdos. Percebemos que esses profissionais estão abertos, ansiosos e desejosos pela mudança. Ao mesmo tempo, querem se capacitar para que possam executar esse processo de maneira mais qualificada”.

Com relação à educação interprofissional e integrada em saúde, a farmacêutica Carla Beatrice explica que é um processo de troca de experiências entre os profissionais para que haja uma prática colaborativa no cuidado em saúde. Por isso, a presença de uma enfermeira e uma médica na discussão.

A enfermeira Ludmila Mourão Xavier Gomes diz que a residência multiprofissional em saúde da família da UNILA é um ambiente de diversas experiências em educação interprofissional. “Os residentes desenvolvem projetos terapêuticos simulares e desenvolvem um plano terapêutico para cada usuário. Temos várias experiências de consultas compartilhadas em que o usuário teve resultados na sua saúde devido ao atendimento conjunto, com visitas domiciliares. Os acadêmicos aprendem a liderar e a ser liderados, além de tomar decisões e a lidar com gestão de conflitos, o que traz benefícios para os pacientes e para a formação desses profissionais.”

Regina Maria Gonçalves Dias explica que o curso de medicina da UNILA se uniu ao curso de enfermagem em uma experiência de matriciamento. “O apoio matricial é quando uma equipe interprofissional e de especialistas vai até uma equipe de referência de saúde da família, ou da atenção primária, para dar suporte técnico/pedagógico e assistencial. Eles vão até a unidade de saúde para aprenderem juntos. Na Unila, devido aos altos coeficientes de mortalidade materno-infantil, nós montamos três equipes de apoio matricial em pré-natal. Em um ano e meio de apoio matricial, conseguimos integrar toda a rede nesse processo, inclusive e a comunidade. E envolver as ciências farmacêuticas nesse processo é muito importante “.

Fonte: Comunicação do CFF